As novas tecnologias vieram revolucionar a nossa vida, permitindo um contacto com os outros muito mais imediato e constante. O mundo dos relacionamentos foi completamente reformulado. Cada vez mais aplicações e sites de encontros onde facilmente se conhecem pessoas novas, disponíveis para relacionamentos. No entanto, claro, existe o reverso da medalha. A facilidade em conhecer novas pessoas e “trocar” de parceiro, parece ter afetado negativamente as relações duradoras. Grande parte das relações são vividas de forma diferente e a elas começam a ser associadas várias novas práticas, o ghosting é uma delas.
A palavra ghosting advém da palavra ghost (tradução do inglês: fantasma). Este termo foi eleito como uma das palavras do ano de 2015 pelo dicionário britânico Collins. Segundo os mesmos, refere-se ao ato de terminar um relacionamento amoroso, não respondendo às tentativas de comunicação do outro. Ou seja, quando a pessoa “desaparece em silêncio”, como um fantasma.
Mas quem são estas pessoas que simplesmente desaparecem da vida de outra sem nenhuma explicação? A resposta poderá variar de caso para caso, porque como vamos ver a seguir, poderão existir diferentes razões para este comportamento
1. EVITAR O CONFLITO
Pessoas que não querem ou não sabem lidar com conflitos ou que não querem ou sabem enfrentar o outro. Refletindo uma grande imaturidade emocional e relacional.
2. RELAÇÕES POUCO PROFUNDAS
As relações distantes, online, são normalmente pouco íntimas e sólidas, logo pouco profundas, o que torna mais fácil o desligamento e afastamento do outro.
3. LOCUS DE CONTROLO
O locus de controlo está relacionado com a nossa perceção de controlo sobre algo. Estudos revelam que pessoas com um locus de controlo externo, e com fortes crenças acerca do destino, têm uma maior tendência para praticar o ghosting. Quando questionadas acerca do porquê: “percebi que não estava destinado a acontecer”.
A quem o pratica poderá, em alguns casos, vir acompanhado de culpa por ter feito a pessoa sofrer dessa forma e de não ter sido capaz de lidar com a situação de uma forma mais assertiva e correta, ou por outro lado ser completamente frio e indiferente.
No entanto, as consequências, para quem está do outro lado e é simplesmente ignorado, são muito mais significativas. A prática deixa a pessoa que a sofreu, a sentir-se abandonada, perdida e sem respostas, e como é natural, com muitas questões e com a sua autoestima prejudicada. As pesquisas na área da psicologia social revelam que a sensação de ser ignorado e excluído da vida do outro, tem um impacto enorme a nível emocional, causando sofrimento, tristeza e raiva. Ser excluído é uma ameaça direta a algumas das nossas necessidades mais básicas como o sentimento de pertença, autoestima, controlo e sentido de vida, podendo em alguns casos gerar comportamentos violentos e agressivos no futuro.
As redes sociais e internet vieram aumentar a visibilidade deste comportamento. No entanto, este comportamento não é novo. Antes de existir internet ou aplicações de encontros, esta prática já existia, o que nos remete para a conhecida história do “saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou” que foi agora substituída por “ficou offline e nunca mais respondeu”.