Quando falamos em dependências, a ideia que surge na nossa cabeça está relacionada com adições químicas como a droga ou o álcool. Pode parecer até incongruente que algo relacionado com as emoções possa ter um impacto tão nefasto como uma droga. Mas a realidade é que pode ter, e é um problema mais comum do que parece.
A dependência emocional diz respeito a uma dependência afetiva relativa a uma relação ou pessoa. Esta caracteriza-se pela perceção irrealista do “dependente” no que diz respeito à sua capacidade de tomar decisões, de ser feliz, de tomar conta de si, sem um outro elemento. Seja ele amigo, familiar ou namorado/a. Não admitindo uma responsabilidade pela sua própria vida ou felicidade, dando esse encargo a outra pessoa. Esta dinâmica tem impacto em ambos os elementos envolvidos, uma vez que a longo prazo prejudica as relações, desgastando-as pouco a pouco.
Normalmente, o “dependente” procura o outro com frequência, responsabiliza-o pela sua felicidade, pedindo cada vez mais, algo que provavelmente será sempre insuficiente para satisfazer as suas necessidades. O impacto que tem no outro surge pela pela constante responsabilização por parte do “dependente”, cobrando sempre mais e mais.
Esta dependência surge de crenças enraizadas acerca das suas próprias capacidades, desenvolvidas muito precocemente ao longo do desenvolvimento, em ambientes críticos, onde “tudo é feito mal” ou então em ambientes super protetores, onde não é permitido o desenvolvimento da autonomia.
Na vida adulta, apresenta-se de várias formas: quando a autoestima depende da avaliação ou reação de outro, dar mais ênfase às opiniões e necessidades do outro em detrimento das suas, autocrítica com frequência associada a um sentimento de inferioridade, necessidade de atenção constante, cuidado excessivo do outro, excesso de ciúmes, não exprimir opiniões ou resolver conflitos com medo do possível abandono ou sentir culpa constante por alguma falha na relação.
Numa relação saudável (relacionamentos amorosos, familiares ou entre amigos) contamos com o outro para nos dar apoio, ajudar a tomar decisões e nos dar segurança, contudo, não perder a nossa identidade e individualidade é o elemento que separa o saudável do patológico.
Questione-se: Conseguiria voltar a ser feliz se esta pessoa saísse da minha vida? Se a resposta for não, estamos certamente perante uma visão pouco saudável acerca de nós próprios, da relação em questão e da importância dessa relação na nossa vida.
Procurar ajuda psicológica pode ser a resposta para relações mais saudáveis, com os outros e connosco próprios.